PROJETO AFRICANIDADE E DIVERSIDADE
Durante a IV Unidade o Colégio Felicidade desenvolveu nos ensinos fundamental e médio dos turnos matutino, vespertino e noturno o projeto intitulado “Práticas leitoras através de texto, imagem e som: letramento com prazer com ênfase às questões étino-raciais"que sintetizamos para culminância com o título Africanidade e diversidade, como uma ação pedagógica de contemplação da Lei 11.645/2008 que determina a obrigatoriedade do trabalho com a cultura africana e afro-brasileira e indígena nas escolas da rede pública e privada;e também como uma necessidade de promover práticas leitoras entre nossos educandos, uma vez que, especialmente no ensino fundamental, há certa dificuldade em relação a leitura e a escrita.
Mesmo porque, percebemos que a comunicação humana envolve a integração de diversos recursos verbais e não verbais ( visuais, sonoros e táteis etc.) em uma dada situação de interação, os quais permitem gerar sentidos atribuídos a uma mensagem. Assim para ler um texto (verbal ou não verbal), é necessário que o leitor domine além dos recursos lingüísticos, as informações visuais tais como: nota de rodapé, palavra em negrito, listas de frases, formatação, cores, formas, texturas, tipos de fontes, jogos de sombra, luzes, sonorização, legendas, gráficos, tabelas, mapas e outros recursos, pois todos esses elementos possuem um significado específico e contribui para a interpretação do que está escrito e ou subentendido.
Contudo, esses recursos são, muitas vezes, tratados como meros itens ilustrativos, ou apêndice, e não como parte integrante do texto. Dessa forma, os alunos não são instigados a produzir e a ler esse tipo de material; e assim, não sabem como explorar seu potencial informativo.
É fato que em muitas situações de sala de aula, negligenciamos ou passamos despercebidos pelas imagens ou outros recursos sonoros, a exemplos de fundo musical, sejam elas de filmes exibidos, ou peças de teatro; na prática de textos audiovisuais - nas onomatopéias ou ruídos, nas imagens do livro didático, Propagandas, rótulos, autdoor ou até mesmo nos sites navegados, blogs visitados e ou twitter, deixando dessa forma, a oportunidade de desenvolver o olhar aguçado e critico dos alunos.
Pensando assim, notamos que em nosso espaço escolar, ainda há carência dessas práticas interativas de leitura o que dificulta um bom desempenho e rendimento nas diversas áreas do conhecimento. Atrelada constatações acima relacionadas sentimos também a necessidade urgente de efetivarmos as discussões pertinentes a cultura africana e afrobrasileira, não apenas pela obrigatoriedade da Lei 10.639/2003 alterada pela 11.645/2008 para que enquanto educadores, possamos contribuir para a elevação da auto-estima dos nossos educandos, em sua maioria negros e afrodescendentes.
Uma educação voltada para os Estudos das Relações Étnico-Raciais tem que romper com os estereótipos, as visões tradicionais e pejorativas que insistem em colocar os “escravizados” africanos e negros e afrodescendentes como sujeitos passivos desde a época da escravidão, além de que quando se trabalha com África é numa visão homogeneizante, atribuindo-se tudo de pior que existe ao continente africano: fome, pobreza, doenças, guerras, etc.
Dessa forma, é necessária a descolonização do pensamento para compreender a África com um olhar mais crítico, menos preconceituoso e que, essencialmente, parta das produções dos próprios africanos ou afrodescendentes; pois ainda predomina um olhar eurocêntrico sobre questões ligadas a cultura africana e afro-brasileira
É imprescindível trabalhar com novos territórios identitários que dizem respeito à construção da história daqueles que por muito tempo foram e ainda são excluídos da cidadania. E, a nosso ver, as políticas afirmativas cumprem esse papel, pois é a possibilidade de reconstruir a comunidade brasileira, onde as coisas boas e as oportunidades não sejam para poucos e somente para brancos, mas para todos, até porque a plurirracialidade não deve ser motivo de discriminação, uma vez que é a nossa riqueza civilizatória, pois aprendemos com as diferenças. E nossa unidade escolar é sem dúvida o,local ideal para uma educação multirracial e positiva em relação à apresentação do protagonismo de negros e negras ao longo da história, bem como das lutas que ainda hoje são travadas pelos movimentos sociais a nível local e global com o objetivo de tentar igualar as oportunidades, visando a construção da cidadania e o respeito às diferenças.
Com o desenvolvimento do projeto em questão, pretendíamos:
• Fomentar o gosto e a importância da leitura (em educadores e alunos) implementando práticas leitoras ricas, diversificadas e significativas através de textos verbais e não verbais, disponíveis na escola e no seu entorno, nas diversas áreas do conhecimento.
• Valorizar o potencial de negros e negras nas mais diversas áreas do conhecimento.
• Desconstruir estereótipos e discursos de inferiorização, passividade e indolência atribuída aos negros e afrodescendentes, além de auxiliar na elevação da auto-estima dos nossos discentes e por conseqüência o orgulho de pertencimento à identidade afrobrasileira.
• Compreender, produzir, analisar e atribuir sentidos as variadas formas de representação da informação espacial: mapas, legendas, fotografias aéreas, imagens de satélites e outros recursos;
• Analisar e interpretar gráficos, tabelas e outros recursos visuais existentes;
• Ler, compreender e interpretar as idéias e ideologias contidas nos textos visuais: charges tiras, propagandas, filmes, e textos verbais como forma de compreensão e de conhecimento do mundo que nos cerca;
• Olhar, analisar, compreender e interpretar de forma crítica a avalanche de imagens à qual estão expostos;
• Ouvir, memorizar e interpretar e fazer anotações de textos audiovisuais, os quais permitem ao estudante desenvolver competências e habilidades lingüísticas que facilitam entender a língua nas diversas situações de uso;
• Produzir textos verbais e não verbais dentro da temática das Relações Étnico-Raciais.
• Analisar o protagonismo de escravizados africanos ao longo do processo de escravidão.
• Compreender a ação dos movimentos sociais e negros no período pós-abolição como responsáveis pela inserção dos ex-escravos na sociedade através, essencialmente, da educação.
• Compreender como o pensamento eurocêntrico, pautados no racialismo e evolucionismo, contribuiu para o racismo e o preconceito ainda presentes na nossa sociedade.
• Analisar lideranças negras que exerceram papéis de protagonistas nas mais variadas áreas de conhecimento a nível nacional, estadual e local regional.
• Analisar a África como um continente rico social, política, econômica e religiosamente em detrimento de uma África midiatizada que a passa uma visão estereotipada de pobreza, doença (AIDS) e condicionada à subalternidade e selvageria.
Desenvolvemos em sala de aula atividades, como:
Leitura, escuta de textos audiovisuais e Interpretação: poesias, Crônica, filmes, documentários, (relacionados ao tema)
Leitura de textos imagéticos: charge, tira, cartum, quadrinho, fotografia, imagem, ilustração, propaganda, letra de música, apreciação de monólogos, relacionada ao tema
Análise das características dos gêneros estudados;
Produção textual: visuais e verbais
Estudos sobre:
Tráfico e escravidão na África.
Resistência negra
Religiões de matrizes africanas.
Período pós abolição.
Movimentos sociais e negros: Movimento Negro Unificado, Frente Negra, Movimento de Mulheres Negras, Movimento Negro de Jacobina.
Culminância
E na última semana de novembro, fizemos a culminância do projeto, com as produções feitas pelos educandos com a mediação dos professores, especialmente de História, Geografia, Artes e Língua Portuguesa. Foram apresentados painéis, acrósticos, poemas, crônicas, hip hop, slides, vídeos, capoeira e o desfile da Beleza Negra 2010.
As professoras Laudicéia Santos e Maria Cristina coordenaram o projeto, organizando as apresentações, contando com auxílio das professoras Simey, Ana Cristina, Normacélia, Ivone e Audiléia.
Profª Laudicéia fazendo a abertura do projeto Africanidade e diversidade no turno vespertino.
Apresentação do painel sobre religião de matriz africana: Candomblé.
Turno vespertino
Professoras Simey, Julieta e Igor: jurados da Beleza Negra- vespertino.
Candidatas a Beleza Negra do turno vespertino.
Professoras Ivone e a Diretora Graciete: abertura do projeto no noturno.
Alunas do Felicidade praticantes da Capoeira
Alunos dos mestres de Capoeira: Arivaldo e Renato (alunos do Felicidade)
Apresentação da Capoeira: corpo como representação de arte, luta e resistência
Professores jurados da Beleza Negra do noturno: Zorailde, Michelle e Hebert.
Candidatas a Beleza Negra com as professoras Derlane e Cláudia.
Candidatas: Arlinda, Tiara, Luciane, Aline, Maria Cristina, Cristiana e Janiele.
Luciane Figueiredo: Beleza Negra 2010, recebendo a premiação da Diretora Graciete.
Rainha (Luciane) e princesas (Janiele e Arlinda) e as professoras Normacélia, Laudicéia e Graciete.
Profª Maria Cristina na culminância do matutino.
Apresentação sobre a culinária afro-brasileira.
Apresentação de painéis.
Candidatas a Beleza Negra 2010- matutino- com a Profª Cláudia.
Professoras juradas: Derailde, Laudicéia e Vaneide.
Professores Fábio, Alcione, Zuleide, Sueli, Maria Cristina, Cláudia e Ana Crsitina, com as candidatas do turno matutino.
Platéia.
Entrega da premiação a Princesa.
Nailda: Beleza Negra 2010 - matutino- com os professores Fábio e Graciete.
Rainha e as princesas.
Parabéns a todos os envolvidos: aos professores que em sala de aula fizeram acontecer o projeto, a direção e vice pelo apoio (Graciete, Normacélia e Fábio), a professora Lauricéa pelo auxílio na ornamentação do palco, ao aluno Wilton, pelo apoio técnico , aos professores que atuaram como jurados:Hebert, Michele, Simey, Zoraide, Julieta, Igor, Derailde e Vaneide; aos mestres de cerimônia Fábio Gonçalo e Ivone Menezes, as professoras Ana Cristina, Simey, Sueli, Claúdia, Zuleide e Ana que auxiliaram na organização e , especialmente, as professoras Laudicéia e Maria Cristina pelo empenho e dedicação.
É o Colégio Felicidade buscando efetivar em parceria com educandos, educadores e a comunidade as discussões e ações referentes as questões étnico raciais, objetivando uma educação antirracista e inclusiva.
Agora é só aguardar 2011.
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