CIGANOS: SUJEITOS DE DIREITO
O Projeto intitulado “Ciganos: sujeitos de direito” é parte do Curso Direitos Humanos e Diversidade e foi desenvolvido no Colégio Estadual Professora Felicidade de Jesus Magalhães, no turno matutino, pelas professoras Cristiane Lima Procópio, Derailde Moreira Lopes, Laudicéia da Cruz Santos, Patrícia Lago, Rosane Rosa dos Santos, Ivone Mendes de Menezes e Rita de Cássia Brasileiro, com uma turma de 30 alunos oriundos do Ensino Médio e Curso Técnico do turno matutino, com o intuito de possibilitar a desconstrução de estereótipos sobre as etnias ciganas e, especialmente, que os cursistas sejam na nossa unidade escolar multiplicadores do aprendizado adquirido durante a execução do projeto e estejam constantemente contribuindo para uma postura antirracista, de respeito e alteridade em relação aos alunos ciganos, estendendo tais atitudes para às suas comunidades e a outros ambientes por eles freqüentados.
Desenho feito pelo aluno Lenualdo.
Nossas atividades começaram no dia 11/10 quando houve uma reunião para criação dos slides para a apresentação do projeto nas ACs do dia 14/10; esta aconteceu nos três turnos do referido dia, onde fizemos a sensibilização para os docentes, direção e vice-direção do colégio, objetivando apoio e parceria, essencialmente compreensão dos professores na liberação dos alunos inscritos por sala para que os mesmos pudessem fazer atividades ou avaliações que porventura ocorressem durante a execução do projeto.
A sensibilização com as turmas dos Ensinos Médio e Técnico ocorreu no dia 18/10 onde inicialmente foi apresentado o projeto a cada turma, através de slides destacando os objetivos, cronograma, a carga horária, a relevância do tema e também a viabilidade da entrega de certificados para o enriquecimento curricular dos mesmos. Em seguida fizemos as inscrições dos alunos interessados e conseguimos contemplar alunos de todas as séries do Ensino Médio e Técnico, em média 6 alunos por sala.
A oficina aconteceu no dia 19/10, inicialmente foram dadas as boas vindas aos alunos participantes do projeto “Ciganos: sujeitos de direito”. Num primeiro momento, com o intuito de conhecer os alunos participantes, foi feita uma dinâmica de apresentação para que houvesse maior integração entre as mediadoras (docentes) e os discentes. Num segundo momento após as apresentações houve a exibição do vídeo “Dia do cigano” com o objetivo de diagnosticar conhecimentos e “preconceitos” sobre as etnias ciganas, e posteriormente a desconstrução de mitos e estereótipos.
Profª Laudicéia apresentando o projeto na oficina.
Em seguida, os alunos divididos em grupos discutiram e criaram painéis a partir de reflexões acerca do que foi apresentado e da convivência com estes sujeitos. Os painéis foram socializados pelas equipes e expostos nos murais do colégio. Para dar fundamentação teórica foi lido e discutido o texto da professora Zuleica Aparecida Bork, denominado “Ciganos à beira mar: saias ao vento, música no ar” e em seguida ocorreu a elaboração de questões com a supervisão e orientação da equipe organizadora do projeto para serem apresentadas à mesa.
Profª Rosane mediando a confecção de painéis
Profª Derailde mediando a confecção de painéis e aluno Joílson.
Alunos montando os painéis com as percepções em relação aos ciganos
Socialização dos painéis.
Professoras Rosane, Laudicéia, Patrícia e Derailde.
A mesa redonda que aconteceu no dia 20/10/10 foi significativa para desconstrução de preconceitos e estereótipos a respeito das etnias ciganas, uma vez que os palestrantes possuíam embasamento teórico, experiência no contato com ciganos e o pertencimento identitário a cultura cigana (no caso do professor cigano e palestrante Aderino Dourado Mota) e nesse sentido foram imprescindíveis nas informações e discussões travadas com os alunos participantes do projeto.
Assim sendo, compuseram a mesa a Professora da UNEB – CAMPUS IV Miriam Geonice Guerra, Especialista em História Oral e pesquisadora da Cultura Cigana, que discorreu sobre as teorias da origem cigana, a chegada da comunidade cigana à Jacobina, além de enfatizar o respeito pelo outro, para que as diferenças não sejam sinônimos de discriminação. Também participaram o professor, historiador e cigano Aderino Dourado da Mota, Licenciado em História e Especialista em História e Estudo da África, professor da rede municipal de Várzea Nova, que apresentou inicialmente os slides que versavam sobre “Ciganos e suas representações”, com fotos de ciganos de nossa região, especialmente de Jacobina, e discorreu de forma mais realista sobre à cultura cigana, abordando aspectos histórico, econômico, social e cultural. E, por fim, o professor Tiago Silva Almeida, graduando em História e Serviço Social que abordou a sua convivência com a comunidade cigana do bairro da Catuaba, enfatizando que se trata de pessoas amigáveis, honestas e alegres. Também abordou a questão do livro didático, uma vez que os ciganos enquanto uma minoria étnica é excluída e não aparecem nos referidos manuais.
Professora Miriam Geonice
Mesa redonda: ciganos em debate.
Professores: Miriam Geonice, Aderino Dourado e Tiago Silva.
Rabib (aluno cigano)
Luan (aluno cigano)
Pedro e Luana (alunos ciganos)
Cusistas na mesa redonda.
Organizadoras: Laudicéia, Patrícia, Cristiane, Rosane e Derailde; palestrantes e direção.
No turno vespertino, professores e alunos envolvidos no projeto visitaram a comunidade cigana do bairro da Catuaba, lá chegando todos foram bem recebidos na casa do patriarca da família Dourado, da etnia Calon, o senhor Zelito e por sua esposa dona Ceílde. Outros ciganos foram convidados pelo senhor Zelito, sendo estes filhos, noras, netos, e demais parentes (Gildázio, Luan, Rosânia, Aderino, Fátima, José Roberto, Rabib, Leandro e Geizan Cigano – cantor).
Durante a visitação conhecemos um pouco mais da história do grupo, que nos relatou informações desde o período do nomadismo até a fixação na cidade de Jacobina, a sua convivência com a comunidade vizinha e a sociedade em geral; e em relação ao tratamento que recebem ainda muito carregado de preconceitos e estereótipos. Houve também o esclarecimento de vários aspectos da cultura cigana e do relacionamento familiar, o dote, as atividades desenvolvidas por eles atualmente, algumas mudanças culturais que vem ocorrendo dentro do grupo. Os questionamentos foram feitos tanto pelos docentes quanto pelos discentes presentes; e em muitos momentos os ciganos falavam espontaneamente sobre suas histórias, trajetórias, dificuldades e vitórias. Eles enfatizaram muito atitudes preconceituosas que muitos deles sofrem pela sociedade local, em função do desconhecimento e desrespeito a tal cultura.
Alunas na visitação à comunidade cigana:Rute, Misiane, Deise e Sabrina
Sr Zelito relembrando sua infância.
Leandro, Rabib e José Roberto
Família cigana: Aderino, Fátima e Rafael.
Leandro e Rabib.
Professora Rosane na visitação à comunidade cigana da Catuaba.
Sra Ceílde: matriarca da família Dourado da Mota.
Casal: Sra Ceílde e Sr Zelito
Profª Derailde e o casal cigano.
Alunas, Profª Laudicéia e a comunidade cigana.
A culminância ocorreu no dia 22/10/2010 no turno matutino, com as boas vindas aos alunos e demais professores, posteriormente houve um breve relato da experiência da visitação à comunidade cigana do bairro da Catuaba concomitante com a exibição dos slides com fotografias registradas no dia 20/10. Em seguida fizemos a avaliação do projeto, colhendo depoimentos de alunos e professores responsáveis pela organização do projeto. Pudemos constatar que grande parte dos alunos que possuíam uma visão “preconceituosa” e folclorizada sobre as etnias ciganas expuseram que a partir do projeto estão tendo uma percepção bem mais realista e menos preconceituosa, afirmaram também que puderam conhecer aspectos sobre os ciganos que desconheciam e iriam ter mais respeito pelos valores culturais e morais ciganos.
Alunas avaliando o projeto: Naíla e Iasmin
A equipe organizadora do projeto enfatizou a expectativa e a responsabilidade de que todos os cursistas sejam multiplicadores no ambiente escolar e nos seus espaços de sociabilidades fora da escola, contribuindo para posturas antirracistas e de alteridade com os ciganos, e que estes também tenham os mesmos valores de respeito e compreensão com os não-ciganos.
Posteriormente, passamos a palavra à diretora Graciete Oliveira Silva Tínel que parabenizou alunos e professores responsáveis pela execução do projeto, destacando também que o desafio do século XXI é o respeito às diferenças em detrimento de posturas e ações excludentes e discriminatórias. E que o colégio Felicidade tem orgulho de alunos de etnias distintas, mas que temos que saber conviver com eles, os ciganos em especial, trocando experiências , abandonando visões folclorizadas e distorcidas.
Finalizando o projeto “Ciganos: sujeitos de direito”, entregamos os certificados de participação ao alunos cursistas e realizamos uma confraternização com doces e salgados, tendo como trilha sonora músicas ciganas e a exibição dos slides apresentados na mesa redonda pelo professor Aderino Dourado “Ciganos e suas representações”, em substituição à dança cigana, uma vez que as meninas que viriam fazer a apresentação tinham compromisso em suas escolas no turno matutino.
Profª Cris Procópio entregando certificado ao aluno Alex Alves.
Profª Patrícia entregando certificado a aluna Ana Paula.
Profª Derailde entregando certificado ao aluno Rabib
Diretora Graciete entregando certificado ao aluno Állisson.
Profª Laudicéia entregando certificado a aluna Riane.
Registro da culminância.
No entanto, o projeto foi excelente, percebemos o interesse significativo dos cursistas, a disponibilidade dos palestrantes em contribuir para o nosso trabalho e, essencialmente, a vontade de nós professores de que tudo desse certo, ainda que tenham ocorrido alguns problemas ligados a falta de responsabilidade e envolvimento, conseguimos contornar tendo sempre um plano B. Não podemos deixar de agradecer o nosso querido professor Tiago Silva, pois além de atuar como palestrante nos auxiliou na organização do trabalho e no contato com os ciganos do bairro da Catuaba, estendemos os agradecimentos a Professora Miriam Geonice, que além de palestrante nos ajudou na aquisição de materiais, textos e vídeos sobre os ciganos, mostrando-se solícita quando precisássemos e a Aderino Dourado, que enquanto cigano facilitou nossa atuação na entrevista à sua comunidade e serve de exemplo para ciganos e não ciganos, pois é um representante acadêmico da etnia cigana demonstrando a possibilidade de galgar patamares mais elevados profissionalmente. Uma vez que ele enquanto professor e historiador cigano é um exemplo para seus pares.
Agradecemos ao corpo diretivo do colégio Felicidade, nas pessoas de Graciete Oliveira e Normacélia Ribeiro, por comprar nossa idéia e viabilizar, na medida do possível, solicitações feitas pela equipe organizadora do projeto.
Todas nós professoras idealizadoras desta proposta estamos de parabéns, em especial Laudicéia, Derailde, Cristiane, Patrícia e Rosane que fizeram acontecer. As professoras Ivone e Rita, em função de outras atribuições fizeram atividades de sensibilização no turno noturno com turmas de Educação de Jovens e Adultos.
Derailde, Graciete, Normacélia, Laudicéia,Tiago, Patrícia, Cristiane e Rosane.
Pretendemos dar continuidade no ano de 2011 ao projeto estendendo para os outros turnos e turmas para que as discussões não sejam esporádicas, mas efetivas, haja vista que convivemos com alunos ciganos o ano todo e afinal eles são sujeitos de direito.
Confiram o vídeo do nosso projeto e ação
Parabéns a todos os envolvidos: professores (Derailde, Cristiane, Laudicéia, Patrícia e Rosane) alunos ciganos (Rabib, Leandro, Luan, Luana e Pedro) e não-ciganos, palestrantes e a comunidade cigana do bairro da Catuaba(especialmente o Sr. Zelito, Sra Ceílde e o Profº Aderino Dourado).
É O COLÉGIO FELICIDADE FAZENDO A DIFERENÇA!!
2 comentários:
Fiquei imensamente feliz em saber que meu trabalho monográfico sobre ciganos foi útil no desenvolvimento de seu projeto. Interessante ainda ressaltar que um trabalho realizado no Sul do país tenha sido utilizado no Nordeste. Um grande abraço e desejos de um 2011 repleto de alegrias.
Zuleica Aparecida Bork
Obrigada Zuleica, pois é o intercâmbio é sempre interessante. Sempre que tiver produções ou indicações bibliográficas sobre os ciganos, nos envie. Beijos.
Laudicéia
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